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Em tempos de discussões estéreis, polarizadas, chegando a baixaria e de consequências imprevisíveis, contraditoriamente temos a felicidade de voltar a ter esperança quando lemos ou ouvimos posições reformistas, sensatas e tecnicamente embasadas.
Tomo a liberdade de resumir os principais pontos expostos pelo brilhante economista Eduardo Giannetti sobre o atual momento econômico, e possíveis alternativas.
- A situação "desesperadora" da economia brasileira, que enfrenta a recuperação mais lenta desde pelo menos os anos 1980, exige "medidas ousadas".
- quadro atual:
- Estamos há 20 trimestres desde o início da recessão;
- economia está 5,7% abaixo do que era antes;
- O setor público, com a crise fiscal, comprimiu os gastos discricionários, acabando com os investimentos;
- O setor privado também não está investindo;
- A incerteza e desconfiança em relação às instituições brasileiras são enormes;
- O setor privado apresenta uma enorme capacidade ociosa, com potenciais de uso, mas receio de pô-lo em atividade;
- Não existem propostas concretas para a questão do desemprego, indicador que diminui a renda e aumenta a incerteza no mercado e no governo.
- O conceito de liberalismo não exclui agenda de preocupação social, visto que nossa sociedade tem "vícios" de estado provedor, mas não podemos nos eximir das responsabilidades pela histórica desigualdade de oportunidades entre as classes sociais e regiões. Não podemos tratar desiguais igualmente.
- O liberalismo desastrado começa a aparecer no aspecto ambiental. O que pode prejudicar severamente a parte séria do agronegócio, que é a maior e mais relevante matriz de renda do Brasil.
- A reforma da Previdência avançou pouco no quesito equidade, visto o protecionismo com o serviço público e seus proventos altamente elevados.
- Há necessidade de medidas de curto prazo, mesmo não sendo uma tábua de salvação. Porém, as circunstâncias requerem certa flexibilidade e criatividade que podem ter impacto.
- Acelerar as privatizações e concessões do que for possível para a iniciativa privada, diminuindo o tamanho do Estado diante da potencialidade de crescimento da economia.
- O BNDES tem R$ 100 bilhões para vender suas participações minoritárias em grandes empresas, e o governo utilizar esses recursos para terminar as obras públicas paralisadas. Há informações que o governo tem preferência em utilizar esses recursos para abater dívida. O que não é de todo mau, mas não leva em conta a gravidade do quadro de estagnação. Isso promoverá um significativo impulso fiscal, com efeito sobre o nível de atividade e do emprego. Especialmente porque são obras que demandam muita mão de obra, o que é mais interessante neste momento.
Espero ter conseguido expor de forma resumida essa alternativa. Entretanto, especialmente para mim, a principal importância dessa matéria é colocar "luz na escuridão" mostrando que podem existir propostas concretas e que o governo atual entenda que não é "twitando" e elevando o tom do radicalismo que poderemos encontrar alternativas para a nação. Beligerância só gera mais estímulo ao ódio na classe política e no seio populacional.
**O resumo acima corresponde a minha livre interpretação da entrevista concedida pelo economista Eduardo Giannetti, podendo ser refletir as ideias do autor. Texto original está disponível http://atarde.uol.com.br/economia/noticias/2087277-o-brasil-precisa-de-um-impulso-fiscal-diz-economista-eduardo-gianetti
JULIANO CÉSAR FARIA SOUTO
Estanciano, 54 anos, Administrador de empresas graduado de Faculdade de Administração de Brasília com MBA em gestão empresarial pela FGV. Atua como sócio Administrador da empresa FASOUTO no setor atacadista distribuidor e autosserviço. Líder empresarial exercendo, atualmente, o cargo de vice-presidente da ABAD - Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores.